Precioso Ensinamento do Treino da Mente - II

Jigme Khyentse Rinpoche e Dzongsar Khyentse Rinpoche


Ensinamentos em Barcelona, 6-10-2004. (Parte 2 de 3)

Por Jigme Khyentse Rinpoche


    Quando pensamos no treino da mente, é algo em que temos pensado durante bilhões de vidas. 

     II         Possa eu, em qualquer companhia,
                 Ver-me como o mais humilde
                 E de todo o coração prezar o meu próximo
                 Pela sua supremacia!  

    Considerar os outros como os mais importantes, não é porque a nós nos falte confiança. Não é porque pensemos que nós somos inferiores ou incapazes, não é por nada disto. O primeiro verso diz-nos que os seres são muito valiosos, como um tesouro. No segundo verso diz-nos que temos que considerar os outros seres como superiores a nós. E como dissemos, não é porque sejamos débeis, inúteis. É porque pensamos que somos menos importantes do que os outros. Porque que é que então nós mudamos esta ideia? Porque se nós andamos por aí pensando que somos os mais importantes, então pensamos que os outros nos devem algo, temos expectativas muito altas. E qual é a consequência de ter as expectativas tão altas a respeito dos outros? Pois a frustração, o sofrimento, os anti-depressivos. Não é só isto, como também vamos sentir que o mundo inteiro está por nossa conta. Assim é simplesmente inverter isto ao pensarmos que nós somos menos importantes que os outros. Se olharmos, num certo sentido, observamos que neste mundo há duas coisas: os outros e eu. E os outros, quantos milhões são? Só na China há 1.200 milhões de habitantes. E em Espanha quantos há? 40 milhões? E aqui em Barcelona? 4 milhões. O que é mais importante, 4 milhões ou uma pessoa? Não é 4 milhões, senão 3.999.999. Se continuar contando matematicamente nós terminamos sendo o menos importante. Matematicamente somos o menos importante. Assim este verso não diz nada que não seja verdade. Se não gostamos do que diz é simplesmente porque não gostamos da verdade. E da próxima vez que nos sentirmos aborrecidos ou irritados com alguém temos que dizê-lo a nós mesmos.

    Outro ponto é ver se temos que aceitar que somos o menos importante. Se pensamos que sim não é lógico pensar que todo o mundo nos deve algo. É pouco lógico pensar que aqueles que são mais importantes devam algo a alguém tão insignificante. E podemos começar pensando: “Bom, não somos tão importantes”. E nós despertamos pela manhã e temos menos expectativas de que todo o mundo nos deve algo. E saímos de casa, ninguém nos dá nada, mas (por 10 minutos?) não nos sentimos frustrados. Há uma expectativa menos que colmar. Pelo contrário, se saímos a rua e pensamos que toda a gente é mais importante que eu, eu sou o menos importante, que posso eu fazer por eles? Desta maneira de certeza que haverá uma ou duas pessoas que serão felizes. Então, simplesmente trata-se de deixarmos o nosso sítio para estacionar outra pessoa. Então há outra pessoa que estará contente, e nós não estaremos frustrados. Não é só isto, estamos satisfeitos. Isto é a consequência de pensar que os outros são sublimemente importantes. Intelectualmente podemos entendê-lo. Mas, concretamente, na prática, já é outra coisa.

    Mas não há nenhum segredo. Simplesmente fazê-lo. É o que dizem na publicidade da Nike: “Just do it” (Simplesmente fazê-lo). Se os da Nike podem dizê-lo, porque não podemos dizê-lo com o nosso treino da mente? O que quero dizer é que os da Nike fazem essa publicidade, ensinam-nos: “fazê-lo”. Mas eles não o podem fazer. Eles não nos podem obrigar a comprar, depende de nós. O que fazem é copiar o que disse o Buda. O Buda disse: “Eu ensinei-vos o caminho, depende de vós segui-lo.” É aborrecido, não é? Simplesmente ter que fazê-lo. Em Portugal há um cartaz com um anúncio de Coca-Cola que diz: “Simplesmente bebe-a.” 

           III          Em todo o acto observarei a minha mente,
                         E surgindo aí a mínima emoção negativa,
                         Causa de todos os nossos tormentos,                                    
                         Afrontá-la-ei e eliminá-la-ei imediatamente.

    Para que os seguintes versos nos façam efeito temos que, pelo menos, ter confiança em que os outros são mais importantes que nós. O que estamos tentando mudar aqui é o ponto de referência da nossa vida diária, dos nossos hábitos, da nossa educação. Assim, de certa maneira, quando pensamos nos outros como alguém mais importante do que nós, não é simplesmente para sermos educados. É educado, é amável, mas esta educação, esta amabilidade, baseiam-se na racionalidade. Estas são as razões, segundo os Ensinamentos de Buda, pelas quais a mente necessita de treino. Treinar a mente não significa somente ter ideias novas, também significa dissipar as crenças antigas. E junto a este dispersar as ideias equivocadas, também estamos dispersando as consequências que trazem estas ideias equivocadas sobre a felicidade.

    Por exemplo, quando nos levantamos pela manhã, e pensamos: “que posso conseguir hoje para mim? O que poderei obter dos outros para meu bem?” Este tipo de ideias não necessariamente nos vai trazer a felicidade. Poderíamos tentar. Podemos levantar-nos de manhã e com a primeira pessoa que encontremos podemos tentar que nos dê algo que queiramos. Talvez essa pessoa nos pareça pequena, débil, e podemos obrigá-la. Inclusive se todas as pessoas forem mais débeis que eu, menos inteligentes, mais pequenos, conseguiremos realmente que façam aquilo que queremos? Imaginai num dia quanta gente vamos encontrar? Talvez no máximo 100, com os quais tendes uma interacção. Imaginai, tentar que 100 pessoas façam aquilo que nós queremos. É tão cansativo! Normalmente, não pensamos desta maneira. Pensamos simplesmente que vai funcionar. Nunca comprovamos a nossa estatística. Não olhamos a nossa própria experiência para comprovamos se funcionou, simplesmente fazemo-lo, cada ano, cada hora. Não funciona, mas fazemo-lo. Mas agora podemos olhar-nos. Imaginai-vos terem que conseguir que 100 pessoas façam aquilo que nós queremos, cada dia. Vamos ir mais longe, vamos pensar: “se não fazem o que queremos, vamos lutar”. Imaginai as 100 pessoas, quantas vezes tereis de lutar, para conseguir o que quereis? Vamos imaginar que lhes damos 10 murros. E às seguintes 99 pessoas, quantas vezes teremos que bater? Dar 1000 murros. Imaginai, ter que dar 1000 murros a todas essas pessoas.  No dia seguinte tereis que ir ao médico osteopata. Assim é impossível. Mas ainda assim estou certo que pensais que isso é possível. A isto chama-se fé cega. Talvez nem todos nós nos consideremos crentes. Mas o que pode ser fé mais cega que isto? Assim, nós em vez de pensar que somos mais importantes que os outros, que os outros nos devem algo, deveríamos pensar que os outros são mais importantes que eu, que os outros não me devem nada, e temos menos 1000 muros que dar cada dia. (…)

    Ao princípio, considerar os outros como mais importantes, pode-nos soar um pouco estranho, mas logo vemos que é tão razoável. Imaginai, não terdes que dar 10.000 muros a mil pessoas numa semana. E em 100 dias, imaginai o que haveis poupado no desgaste do vosso punho. E não é só isto, quando a gente se aborrece e pega um murro não o faz em silêncio, temos que gritar. Pois imaginai as vossas cordas vocais, o esforço que têm de fazer. Assim considerar os outros como mais importantes que nós parece-me uma coisa tão simples e pequena, mas com muitas vantagens. E em vez de ser uma coisa que nos dá medo, que nos ameaça, é exactamente o contrário.

    Mas este tipo de treino da mente requer certo compromisso, esforço da nossa parte. Só pensar que tudo isto é necessário, não é suficiente, não nos vai ajudar. Não importa o quanto estranho que nos possa soar, temos que aplicá-lo e praticá-lo um pouco cada dia. Temos que pensar nisso um pouco cada dia. Devemos quase fazê-lo uma rotina nossa, até que surja de uma maneira natural. Mas agora a ideia que nos surge naturalmente, é a ideia de que eu sou mais importante que todos os outros, que os outros me devem algo. Até que vós não tenhais mudado esta maneira de pensar, mudará muito pouco.

    Agora só para a diversão, como um jogo, imaginai: alguém que está completamente bêbado, doente e cansado, que necessita de um sítio para dormir, e temos que hospedá-lo em nossa casa. É muito difícil quando alguém procura guarida dizermos: “eu, eu!”. E este é o ponto que queremos mudar. Se, por exemplo, o que está bêbedo e necessita dum sítio para dormir é Bill Gates ou um multimilionário, estou certo que inclusive se quisermos forçar a nossa mão para que não se levante, ela se levantará automaticamente. Ou imaginai que não é Bill Gates, é Brad Pitt ou Cláudia Shiffer. É esta reacção que temos nesse momento a reacção que queremos mudar quando fazemos treino da mente. Até que isto não mude não seremos capazes de adestrar a nossa mente. E para isso temos que pensar muito. Temos que pensar de uma forma muito repetitiva. Contemplar o pensamento que os outros são mais importantes, e realmente pensar nas vantagens disto. Simplesmente, temos que pensar que podemos mudar esta ideia de que “os outros devem-me algo”, e podemos mudá-la pela ideia de “que podemos fazer nós por eles”. Até que esta mudança não surja de forma natural, o nosso treino da mente sempre será como uma luta. Pois, se nós ouvimos falar do treino da mente e o queremos aplicar, só isso não funcionará. E não é que o treino da mente não funciona, é simplesmente porque todavia não criamos as condições para que funcione.

    Creio que todos haveis ouvido dizer as práticas budistas, como por exemplo a prece do Refugio ou a prática da Bodhichita, tem-se que recitar 100.000 vezes. A razão pela qual se recitam 100.000 vezes é que estas constituem um mínimo para que a nossa mente se acostume a ela. O que está claro é que se o recitamos uma e outra vez, e a nossa mente não está concentrada no significado, então não tem muito efeito. E se temos que concentrar-nos nisto 100.000 vezes, é aborrecido. Imaginai que tendes que estar concentrados 100.000 vezes no pensamento que “os outros são mais importantes, e que eu sou o menos importante”. Assim só concentrar-se e repeti-lo 100.000 vezes não é suficiente. A maneira de fazê-lo interessante é pensar nas vantagens. As vantagens de não ter de lutar com todo o mundo cada dia. E quando lutais com todas estas pessoas, elas não vos vão simplesmente dizer “olá!” Vão lutar também. Se pensarmos assim nisto, ao não estarmos incomodados, agredidos pelo aborrecimento, o apego, tudo isto é mais interessante.

    Se tendes que pensar no Wooddy Allen 100.000 vezes pode ser um pouco aborrecido, lamento se aqui há algum fã. Algum actor espanhol? António Banderas. E uma rapariga? Penélope Cruz. É bonita? Quem gosta deles? Se tivéssemos que pensar 100.000 vezes no António Banderas, sendo raparigas ou alguém que é fã dele, isto não seria nenhum problema, simplesmente estaríamos sentados pensando nele. Imaginai se pudéssemos estar aí sentados e só ver a Júlia Roberts. Antes de vos sentardes a olhar para todas estas belezas, imaginai que alguém vos diz que vos podeis sentar e tereis de contemplá-la durante 100.000 horas. Ao princípio creio que não vos queixarias. Da mesma maneira, quando estamos aqui pensando nisto, temos que fazê-lo interessante.

    Imaginai se tivesses a hipótese de ir jantar com o Wooddy Allen ou António Banderas. Assim que quando pensamos neste treino mental, no importante de considerarmos a nós como os menos importantes, as vantagens que podemos ter para nós com esta mudança de atitude e o que nos podemos poupar. 

                 “ Em todo o acto observarei a minha mente,
                    E surgindo aí a mínima emoção negativa,
                    Causa de todos os nossos tormentos,
                    Afrontá-la-ei e eliminá-la-ei imediatamente.”

      Em todo o tipo de actividades que podemos levar a cabo, quando falamos, quando caminhamos, quando pensamos, o estar consciente de qual o tipo de emoções surgem em nós, isso é algo muito importante. Ao princípio, nem sequer vamos falar de estar conscientes das emoções que tenhamos, no princípio só estar consciente já é muito difícil. É tão aborrecido, tão cansativo. Porque a nossa mente está acostumada à distracção total. Está acostumada à excitação. E se não está, começamos a sentir-nos desanimados e às vezes deprimidos. E é por isto que quando começamos a praticar, os nossos Mestres nos ensinam práticas como “shiné”. Estou certo que alguns de entre vós já tentastes fazer isto. Por exemplo, o exercício da atenção consciente da respiração. Simplesmente respirar e estar conscientes que estamos respirando. Simplesmente inspirar e expirar, e quando inspiramos, estar conscientes, e quando expiramos, estar conscientes. Observai simplesmente, se podeis estar conscientes durante três ciclos de respiração consecutivos. E quando haveis terminado o terceiro ciclo de respiração, então podeis dizer que haveis estado conscientes, por dedução ou por experiência. Quando digo aqui dedução quero dizer pensar: “estive consciente durante estes três ciclos de respiração.” Simplesmente, quando fazemos isto de respirar três vezes, para vermos se podemos estar conscientes da respiração ou se há luta para estar conscientes. E inclusive só tentar estar consciente disto já é uma luta. E tentar estar conscientes, nas diferentes situações, do tipo de emoções que surgem em nós, é igualmente difícil ou mais. E inclusive mais difícil que estar consciente, é o aplicar essa mudança de atitude. Com isto não vos quero desanimar sobre o treino da mente. Mas não serve de nada se pensamos que é fácil. Mas, comparado com o facto de fazê-lo, então é muito mais fácil. Inclusive se a vida com o treino da mente não é fácil, a vida sem o treino da mente é muito mais difícil. Para nós é importante saber que quando aplicamos algo e surgem dificuldades, isso não quer dizer que a técnica não funciona, nem tão pouco quer dizer que nós não a fizemos bem.

    Agora, que fazemos quando surgem as emoções? O texto diz-nos, primeiro é estar conscientes do que ocorre na nossa mente. Requer valor. O valor de aceitar, de estar consciente todo o tempo. Somos seres humanos e temos uma consciência. Temos um “damos conta”. E o treino da mente requer que usemos isto. E não se requer algo que é extra a nós. Então, o primeiro é ter esse valor de estar conscientes logo quando nos damos conta de que surge a emoção, damo-nos conta que esta emoção não só faz dano aos outros, como também a nós. E deste ponto de vista diz-se: “possa enfrentá-las… eliminá-las com firmeza”. E para podê-las eliminar com firmeza necessitamos fazer umas quantas preparações. O primeiro que temos que fazer é mudar o ponto de referenciar e isto faz-se contemplando, logo temos que fazer esta contemplação de forma repetitiva, muitas vezes. Isto, de facto, requer algum tipo de planejamento, pensá-lo de antemão. Se temos isto, a próxima vez que surja a emoção estaremos preparados. Se não o temos, que vamos fazer? E inclusive se temos este pensamento de antemão, se surgem as emoções com muita força, que vamos fazer? Ficar imóveis. No Bodhisatvashariavatara diz-se que sejamos como um pedaço de madeira. E podeis pensar: “sim, mas se isso não nos tira a emoção de cima”. Não podemos ser demasiado selectivos, no princípio. No princípio temos que fazer ou aplicar o que podemos. Quando nos convertemos num pedaço de madeira, inclusive se não podemos mudar a coisa em si, mudamos o resultado da coisa.

    Normalmente estamos acostumados que no momento que sentimos algo, soltamo-lo, dizemo-lo. E isto nos deixa uma memória na nossa consciência. E isto vai-nos trazer outro resultado. Mas neste caso se surge a emoção e vamos dizê-la, temo-la na “ponta da língua” mas não a dizemos, isto muda a nossa memória. Inclusive se a pessoa que nos olha sabe o que pensamos dela. Se não lhe dizemos, alteramos essa memória. Podemos mesmo estar totalmente vermelhos, com os lábios tremendo, e os olhos desorbitados… mas não o dissemos. Se conseguimos não dizer nada algumas vezes, talvez depois de 100 momentos e situações assim conseguimos que os nossos lábios não tremam. Talvez depois de 100 vezes mais, os nossos olhos não estejam desorbitados. Depois de 100 vezes mais a nossa cara não esteja tão vermelha. E com 100 vezes mais não teremos essas palpitações no nosso corpo. Isto quer dizer que teve certo efeito sobre nós. Se por exemplo surge em nós o pensamento e nós actuamos com a palavra ou inclusive dando-lhe um muro, então isto cria em nós um hábito, e cada vez que surja em nós esse pensamento vamos fazê-lo. Mas, se pelo contrário, se surge o pensamento e nós nos convertemos num “pedaço de madeira”, pouco a pouco este pensamento deixa de ter força sobre nós. Por isso, convertermo-nos num “pedaço de madeira” não é uma má ideia.

    Imaginai que estás brincando com o telemóvel na varanda, e ele está atado ao pulso com um laço. Se vos escapa o telemóvel da mão e se cai através da grade da varanda, só porque vos caiu não quer dizer que tenhais que cortar o laço e deixar que caía totalmente. Assim que a ideia de converter-se num “pedaço de madeira” é uma boa ideia. Se alguém vos irrita ou vos faz aborrecer, tentar diminuir o efeito que isto tem sobre vós, isto é converter-se num “pedaço de madeira”. Não vos preocupeis, isto não vai conseguir logo as primeiras. Se comeceis pode funcionar neste momento, mas logo podeis pensar: “tenho que dizê-lo”. Assim ocorrerá muitas vezes. A ideia é não abandonar. Só porque uma vez resvalámos e caímos no chão, não temos que ficar no chão. Porque senão com todas as vezes que já caímos, ainda estaríamos ali caídos. O que quero dizer é inclusive se o tentamos, ainda assim depois de muito tempo teremos a necessidade de dizer-lhe a essa pessoa o que pensamos. Se a pessoa já se foi temos a necessidade de escrever-lhe ou de telefonar-lhe. Se não o dizemos à pessoa em questão, se o explicamos a outra. Isto não quer dizer que não estejais treinando a vossa mente. Isto só quer dizer que ainda estamos treinando. Assim quando nos acontece isto, não nos temos de preocupar. Simplesmente temos que tomar outra resolução.

    Por exemplo, as pessoas que fazem patinagem sobre gelo caem muitas vezes. Inclusive vós, quando aprendestes a andar de bicicleta, caístes muitas vezes. As pessoas que são ginastas, quantas horas no dia têm que treinar? Quando sabem saltar sobre esta barra, tenho a certeza que têm de treinar 16 horas por dia. Tenho a certeza que devem ter caído muitas vezes… se só para cair elegantemente sobre um pau de madeira as pessoas treinam 16 horas por dia durante muitos anos… e na patinagem, quantas horas as pessoas investem treinando só para poder dar voltas sobre uma coisa afiada. Não só isto, pensai no ténis. Ali há duas pessoas perseguindo uma bola. Quantas horas investiram? Tantas horas! Tenho a certeza que perderam muitos jogos. Inclusive quando fazem isto não estão livres do pensamento de “eu sou o mais importante”. Assim que quando vós estais aqui, tentando treinar a vossa mente, não é algo tão ridículo como o tentar cair bem sobre uma barra de madeira. E isto não estou dizendo por uma falta de respeito pelo que fazem os ginastas. Eu tenho a certeza que o que fazem é muito difícil. E especialmente imaginai estas duas pessoas que estão aí caçando uma bola com uma raquete. E logo o outro desporto, o golfe. Quantos paus (tacos) levam as costas! Como é caro! Não só é isso, temos que ser membros de um clube e temos que pagar. Sabeis o que custa ser membro de um clube de golfe? Não é barato. Não sei como jogar golfe, mas não é barato. O que é o golfe? Normalmente agora são pessoas jovens, mas antes eram pessoas idosas de 50 anos, que golpeiam uma bola de plástico com um pau estranho. E pagam tanto dinheiro para fazer isso! Para o treino da mente não necessitais de raquete, não necessitais de um pau de golfe e sobretudo não necessitais ser membros de um clube de golfe. Não tendes que comprar as sapatilhas especiais para o golfe. Não tendes que levar aos ombros 20 paus. Assim realmente o treino da mente é bastante atractivo. E não é nada difícil. Mas, claro, isso di-lo alguém que não é um fã e um conhecedor desses desportos. E é tão interessante ver as pessoas que jogam golfe! Lançam a bola e logo ficam assim, com o pau, como se de alguma maneira pudessem empurrar a bola. Deste ponto de vista, o treino da mente não é nada difícil ninguém o vê. Não temos que levar nada. Não temos que investir. Pode-se levar para todas as partes. E não só isto, também é bom para a saúde. 

    Por  hoje esta bem assim.

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